Síndrome dos Ovários Policísticos
Vamos começar entendendo que o ovário policístico não é igual a síndrome do ovário policístico!
O ovário policístico, é caracterizado pela presença de múltiplos micro cistos na periferia dos ovários, fazendo com que eles geralmente tenham um tamanho maior. Nem sempre as pacientes que apresentam essa característica ovariana vão apresentar alguma alteração hormonal.
Já a síndrome do ovário policístico (SOP), é um distúrbio endócrino poligênico associado à influência de fatores ambientais que provoca alterações nos níveis hormonais nas mulheres em idade reprodutiva, essas pacientes vão apresentar uma maior sensibilidade dos receptores e/ou aumento dos níveis dos estrogênios, androgênios e da resistência insulínica. Devido a isso uma variedade de sinais e sintomas aparecem, sendo os mais frequentes:
- Menstruação irregular: Com ciclos longos (mais de 35 dias entre as menstruações) ou até ausentes por meses (amenorréia).
- Hiperandrogenismo: Ocorre quando há um aumento nos níveis de hormônios androgênicos, como a testosterona, podendo levar a sintomas como acne, crescimento excessivo de pelos em áreas comumente masculinas (como região lombar, tórax e face) e queda de cabelo.
- Micro cistos nos ovários: Presença de pequenos cistos periféricos nos ovários que são identificados pelo exame ultrassonográfico.
- Resistência à insulina: O aumento dos androgênios vai aumentar a resistência insulínica periférica aumentando a glicose livre que por sua vez estimula uma produção maior de insulina pelo pâncreas, a insulina aumenta no ovário a conversão de androgênios ovarianos e com isso o ciclo da resistência insulínica/SOP se forma e consigo todos os efeitos deletérios dela. Por isso que pacientes com SOP tem uma maior chance do desenvolvimento também da síndrome metabólica, conjunto de alterações de saúde que aumentam o risco cardiovascular e de diabetes tipo 2. Podem também apresentar acantose nigricans (escurecimento das áreas de dobras).
- Infertilidade: Por contas da irregularidade menstrual que é igual a irregularidade de ovulação, algumas mulheres podem ter dificuldades para engravidar. Sem ovulação não tem óvulo disponível para ser fertilizado pelo espermatozoide nas tubas uterinas.
O diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos envolve exames de sangue, avaliação dos sintomas, exame físico e exames de imagem com ultrassonografia.
O tratamento tem que visar e melhora metabólica e controle dos sintomas, dessa forma inicialmente precisamos avaliar e modificar se necessário os padrões alimentares, introdução de atividade física aeróbica pelo menos 3 vezes por semana e melhoria do padrão de sono. De forma conjunta ou se após as adequações não houver retorno dos ciclos menstruais e melhora do perfil metabólico podemos usar terapias medicamentosas para controle dos sintomas e reduzir os riscos à saúde da mulher. Dentre as opções disponíveis podemos destacar:
- Contraceptivos hormonais: ajudam a regular os ciclos menstruais e reduzir os níveis de androgênios livres.
- Antiandrogênicos: eficaz no controle dos efeitos androgênicos, principalmente do hirsutismo.
- Metformina ou outras medicações que vão agir no metabolismo glicose/insulina, diminuindo a resistência insulínica.
- Outras medicações para o tratamento da síndrome metabólica se necessário.
- Tratamentos para fertilidade: Mulheres com alterações menstruais podem buscar alternativas em tratamentos da reprodução humana para estimular a ovulação e retomar as chances habituais de gravidez.
É importante buscar acompanhamento médico regular para obter diagnóstico adequado e escolher, com auxílio do profissional, a melhor opção de tratamento dentro das opções disponíveis, buscando minimizar os riscos associados as síndromes e monitorar seus sintomas.